quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Retrospectiva 2008 - 2º Semestre

Como prometido, voltei. No último post do ano, a retrospectiva do segundo semestre de 2008. O semestre da crise...



Julho


Entra em vigor, em São Paulo, a restrição da circulação de caminhões no centro expandido – limitado pelas marginais Tietê e Pinheiros e pelas avenidas dos Bandeirantes, Pres. Tancredo Neves, Luís Inácio de Anhaia Melo e Salim Farah Maluf. Segundo a ZRMC (Zona Máxima de Restrição de Circulação) – nome oficial da coisa – os caminhõezões com placas de final par e ímpar ficam proibidos, em dias úteis alternados, de circular no centro expandido das 5h às 21h. Quem não gostou nada foram as construtoras, que tinham de descarregar os materiais nos canteiros das 21h às 22h, horário máximo permitido pela Lei do Silêncio. Dias depois, a restrição foi abrandada e os caminhõezinhos (também chamados de VUCs – Veículos Urbanos de Carga) foram autorizados a circular das 10h às 16h.



Agosto

Foi um mês sem muitas novidades, já que todos estavam prestando atenção nos Jogos Olímpicos e na campanha para as eleições municipais. Além fatos corriqueiros – e da criação deste blog! –, talvez o mais memorável tenha sido a divulgação do laudo do IC (Instituto de Criminalística) sobre o acidente da estação Pinheiros. Ele contestava os pareceres do Consórcio Via Amarela, divulgado no mês anterior, negando qualquer tipo de fatalidade no evento.

Na lista das causas estão a seqüência de explosões para a abertura do túnel no solo de "rocha podre" -mesmo depois do rebaixamento do terreno.
O IC também considerou que, se as construtoras tivessem reforçado as paredes do túnel após os sinais de instabilidade, a cratera poderia ter sido evitada. O consórcio não concluiu a instalação de tirantes (estruturas de sustentação).
Peritos do IC que trabalharam na investigação relataram à Folha duas situações que resvalam em decisões do governo estadual -embora não as tenham incluído como causas.
Uma delas é a escolha do modelo de contrato, conhecido como "turn key" (chave na mão, numa tradução livre), que delega mais autonomia às empreiteiras. A outra, a profundidade da escavação. Para os peritos, se fosse 20 metros mais baixa, a característica do solo seria melhor e os riscos, menores.

Folha de S. Paulo, 26/8/08




Setembro

As quedas na Bovespa, que já vinham se sucedendo desde o mês de maio, agravou-se ainda mais com as informações que vinham dos Estados Unidos. O banco de investimentos Lehman Brothers anunciou que declararia sua concordata; o governo americano teve que correr para salvar da falência a AIG, maior seguradora do país.
Nesse contexto, a Gafisa anunciava a compra da construtora Tenda, mas isso não serviu para blindar as ações das empresas, pois em...



...Outubro...

...o problema degringolou. Veja só o meu caso. No começo do ano, eu tinha comprado umas açõezinhas, dentre as quais 20 da Tenda, apostando na explosão das vendas para o segmento popular. Cada uma me custou R$ 10,00 cravados, num total de R$ 200,00. Em outubro, naqueles malditos dias em que o circuit braker foi acionado três vezes, vendi desesperado minhas ações da empresa. Cada uma custando míseros R$ 0,75 – dois pães e uma bala, na padaria aqui perto de casa. Desvalorização de 92,5%. Esse caso foi o pior dentre as construtoras, mas empresas como a Rossi ou a MRV passaram por desvalorizações muito fortes também, maiores do que a média do Ibovespa.



Novembro

As coisas começavam a apertar, a crise de crédito já batia no mercado brasileiro e as construtoras passaram a “sentar no caixa”. Redução de metas para 2009, corte de gastos, demissões de engenheiros, arquitetos, tecnólogos... Era o fim do boom. Temendo o pior, o Governo Lula edita a Medida Provisória 443, que, entre outros, criava a CaixaPar, braço da Caixa Econômica Federal que poderia participar de forma aberta na aquisição e incorporação de empresas financeiras e da indústria da construção civil. A MP ainda hoje (dezembro) está sob avaliação do Senado.



Dezembro

Niemeyer, o Highlander, completa 101 anos. E, em meio a tantas notícias preocupantes, uma observação positiva, oras: o déficit habitacional caiu 9,5%, segundo estudo divulgado pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção). Isso equivale, de acordo com a entidade, à construção de 755 mil domicílios de interesse social. O Estado de São Paulo registrou a maior queda no déficit, mas o indicador cresceu no Amapá, Rio Grande do Norte, Goiás, Tocantins, Acre, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Obs.: Feliz Ano Novo! Na semana que vem, voltamos à rotina de postagem tradicional, de três vezes por semana, pelo menos. Na medida do possível, também tentaremos adaptar nossos textos às novas regras ortográficas que entram em vigor no dia 1º de janeiro.

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