terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Paredes férteis

Uma pesquisa realizada na USP de São Carlos indica que é possível substituir o cimento por um subproduto da indústria de fertilizantes, o fosfogesso. Os pesquisadores descobriram que é possível utilizar esse material para produzir elementos cerâmicos com resistência de, vejam só, até 90 MPa.
Para o processamento desse material de nome curioso, o professor Milton Ferreira de Souza e seu orientando, Wellington Massayuki Kanno, desenvolveram um método de nome igualmente excêntrico: Ucos. Claro que se trata de uma sigla para Umedecimento, Compactação e Secagem. O gesso comum também pode ser processado por meio do Ucos, afirmam.
Ainda segundo eles, em dois anos será possível desenvolver uma planta piloto para colocar no mercado blocos estruturais de fosfogesso. A aposta é no segmento de habitações populares, que serviria de porta de entrada para o material.
Pois bem, a notícia é muito interessante. Mas o que diabos é fosfogesso? Oras, é o nome que se dá ao gesso de origem química, gerado no processo de fabricação de fertilizantes – daí o infame título desse post. “A rocha fosfática é atacada por ácido sulfúrico resultando em fosfogesso e em ácido fosfórico, que é a base dos fertilizantes fosfatados”, descreveu Kanno, com toda a propriedade que lhe é inerente.
É um material inerte e que não traz grandes riscos ao meio ambiente. Ainda assim, a idéia de descartar em aterros algo que pode ser útil, desde que processado com o Ucos, é incômoda e não pega bem em tempos de sustentabilidade. Ainda mais porque o terreno precisa ser preparado de acordo com as resoluções do Conama, que exige impermeabilizações e até projetos estruturais para as montanhas de fosfogesso. Uau!
Por ano, o Brasil produz cerca de 5 milhões de t desse material. Como já produzimos fertilizantes há um bom tempo, temos um “estoque” de 150 milhões de toneladas desse subproduto. O texto do qual retirei essas informações não responde à primeira pergunta que me vem à cabeça: dá pra fazer blocos cerâmicos desse material estocado?

UCOS!!! Como???
O método de Kanno e Souza exige a desidratação do pó de fosfogesso por meio de aquecimento e compressão em moldes, que podem ter formatos diversos. Dessa forma as partículas se aglomeram e formam um corpo rígido e resistente, de até 90 MPa, como dissemos acima. O fosfogesso estrutural é quase instantâneo. Depois de apenas 30 minutos ele já está pronto para ser utilizado na sua estrutura!

* as informações são da Agência USP

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