quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Certificação ambiental sem mistérios

Se a demanda por prédios sustentáveis anda em alta, a oferta de certificações também está a todo vapor. São inúmeras as instituições que contam com selos, processos, avaliações e análises que atestam a eficiência ambiental de uma edificação. As metodologias de avaliação são diferentes, mas o objetivo é sempre o mesmo: definir o quão amigável com o planeta é a construção em questão. O que muda, efetivamente, de um certificado para outro é a forma de classificação. Compara-los é pouco produtivo, pois nasceram em países diferentes, pautados por necessidades e focos diferentes. Por isso, vamos apenas tentar entender o essencial de alguns desses mecanismos.

LEED/GBC – EUA
O Leadership in Energy and Environmental Design do Green Building Council nasceu nos Estados Unidos e é, sem dúvidas, o mais famoso certificado ambiental. Existem nove versões do Leed, abrangendo desde novas construções e prédios já existentes até o desenvolvimento de uma vizinhança ou a sustentabilidade de residências. As edificações recebem pontos conforme extrapolam o mínimo necessário exigido para que sejam, afinal, verdes. Os pontos avaliados são: terreno e implantação, eficiência no uso da água, eficiência energética e atmosfera interna do prédio, materiais e recursos utilizados, qualidade ambiental interna e processo de projeto e inovação. A certificação varia de acordo com a pontuação. Com entre 26 e 32 pontos, o edifício é apenas “Certificado”. De 33 a 38, recebe o certificado Prata (Silver). De 39 a 51, é Ouro (Gold). O selo Platina (Platinum), vai para pontuações entre 52 e 69. Pode ser solicitado junto ao GBC mais próximo! No caso do Brasil, é o GBC Brasil, nesse link.

Aqua – Brasil
A certificação de Alta Qualidade Ambiental, apresentada pela Fundação Vanzolini, foi adaptada da certificação francesa HQE – que veremos a seguir – a partir de um esforço realizado pela própria Fundação em parceria com a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e o CSTB francês (Centre Scientifique et Technique du Batiment). Conta com 14 critérios para avaliar empreendimentos residenciais e comerciais, pontes, obras de pavimentação e saneamento, dentre outras. Todos os critérios têm que ser preenchidos para que a edificação seja enquadrada num dos três níveis possíveis: bom, superior ou excelente. A avaliação se dá em três etapas, iniciada durante o planejamento, anterior ao projeto, que define o produto. Depois, durante a concepção, são avaliados os projetos em si com base nos 14 critérios, quando define-se a qualificação. Após a conclusão, a terceira avaliação verifica se o comprometimento do empreendedor é efetivo.


Breeam – Reino Unido
O Environmental Assessment Method do Building Research Establishment, fundado pela indústria da construção da ilha da Rainha, resultou na sigla Breeam. Segundo eles mesmos, os certificados da família Breeam de certificados são os mais difundidos em todo o mundo. É uma família bastante grande e abrangente, que acolhe prédios novos e já existentes, além de contar com selos específicos para edificações de saúde, industriais, multi-residênciais e até mesmo para prisões, dentre outras. Em 2008 os selos foram atualizados e passaram a considerar também os estágios de projeto e pós-ocupação. Informações adicionais estão no site do Breeam.http://www.worldgbc.org/

HQE – França
Sigla para Haute Qualité Environnementale, ou padrão para alta qualidade ambiental, define os critérios para prédios sustentáveis na França. Divide as exigências entre o gerenciamento dos impactos no ambiente externo e a criação de um ambiente interno aprazível. Para a primeira, busca harmonizar a relação entre os edifícios e as imediações e integrar a escolha dos métodos de construção aos materiais disponíveis, além de minimizar o consumo de energia e água, de desperdícios durante a construção e a demanda por manutenção e reparos. Para o bem estar interno, tenta otimizar a medição de controle hidro-térmico e acústico, a higiene e a limpeza dos espaços internos, a qualidade do ar e da água. No site da Associação responsáveis há informações em abundância.

SBA – Sustainable Building Alliance
A Aliança conta com o apoio da seção edifícios sustentáveis da Unesco, da UNEP (United Nations Environment Programme) e da WFTAO (World Federation of Technical Assessment Organizations). Sem qualquer ligação governamental, é uma rede de universidades, centros de pesquisa e de assessoria técnica que pretende acelerar a adoção de práticas sustentáveis. Tem como objetivo padronizar os critérios e métodos de medição para que possam ser utilizados por qualquer sistema de certificação, sociabilizar os resultados de pesquisas e promover a adaptação dos critérios ao contexto local.

Outros processos de certificação espalhados pelo mundo: Green Star e Nabers – Austrália, Green Globe – Canadá, GBAS – China, PromisE – Finlândia, DGNB – Alemanha, HKBEEM – Hong Kong, TerriGriha – Índia, Protocollo Itaca – Itália, Líder A – Portugal, Green Mark – Singapura, VERDE – Espanha, Green Globe – Estados Unidos, EEWH – Taiwan, Casbee - Japão

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