terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A construção sustentável vai à aula

Você é um profissional de engenharia, arquitetura ou afins que está preocupado com o meio ambiente? Mais do que isso, acha que estão faltando profissionais que entendam de construções efetivamente sustentáveis no mercado? Será que ser um profissional raro não pode render bons contratos? Se você se faz perguntas como essa e não consegue enxergar nenhuma forma de aproveitar a oportunidade, pode parar de se lamentar.
O GBC Brasil (Green Building Council) e a Fupam (Fundação para a Pesquisa Ambiental), devidamente conveniada à FAU USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), acabaram de lançar o 1º curso de extensão universitária sobre construções sustentáveis do Brasil. Lançaram, ao mesmo tempo, o segundo, mas o primeiro é que dá audiência. Vamos aos dados!

O primeirão se chama CEPS - Projetos Sustentáveis: Estratégias e tecnologias e tem como objetivo principal capacitar os profissionais do setor para uso adequado da ferramenta LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Após o curso, espera-se, os profissionais serão capazes de desenvolver e contratar tecnologias sustentáveis. O CEPS se divide em 33 aulas, somando 132 horas de carga horária.

O outro curso é, na verdade, uma complementação do primeiro. Ganhou, portanto, o nome de Complementação para acreditação no programa Energy Plus. Desenrola-se por apenas 24 horas e, obviamente, tem como pré-requisito o CEPS. Em tempo, o Energy Plus é uma ferramenta desenvolvida pelo departamento de energia dos Estados Unidos. Sua função é simular sistemas de aquecimento, iluminação e ventilação para quantificar o consumo de energia.

As inscrições, que já estão abertas, podem ser feitas pelo site da Fupam. O telefone (11) 4191-7805 também está à disposição dos interessados em obter mais informações.

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Os cursos detalhados:

1) CEPS - Projetos Sustentáveis: Estratégias e Tecnologias – 132 horas

PARTE AConceitos introdutórios - 20 horas
  • Sustentabilidade dos edifícios
  • Especificidades da certificação LEED em outros países
  • A certificação voluntária energética brasileira – PROCEL –Edifica ELETROBRAS
  • As legislações ambientais brasileiras
  • As normalizações utilizadas no processo de certificação: normas ASHRAE (#90.1-2004; # 55.1 – 2004;# 62.1 – 2004)
  • As ONGs ambientais norte-americanas e brasileiras
PARTE B – Conceitos comuns - 72 horas
Tem como objetivo apresentar os critérios comuns utilizados na certificação LEED nas categorias LEED – NC (New Construction); LEED – NC - Brasil; LEED – CS (Core and Shall), LEED – EB (Existing Buildings) e LEED CI ( Commercial Interiors).

PARTE C – Conceitos Especificos - 08 horas
Serão apresentados os critérios específicos utilizados na certificação LEED nas categorias LEED – NC (New Construction); LEED – NC - Brasil; LEED – CS (Core and Shall), LEED – EB (Existing Buildings) e LEED CI ( Commercial Interiors).

PARTE D – Ferramentas computacionais - 24 horas
Será utilizado como ferramenta computacional o programa EnergyPlus, que é ferramenta validada para uso no processo de certificação de edificações. O objetivo propiciar ao aluno um conhecimento básico da ferramenta de simulação EnergyPlus para avaliação de edificações climatizadas, estruturada da seguinte forma:
  • Visão geral do EnergyPlus
  • Entrada de dados:
  1. Localização e geometria da edificação
  2. Dados climáticos
  3. Propriedades dos materiais da envoltória
  4. Cargas internas (pessoas, iluminação, equipamentos,etc.)
  • Avaliação do perfil de temperatura interna de ambientes climatizados ou não
  • Entrada de sistema simplificado de climatização
  1. Caracterização do sistema
  2. Entrada de dados
  • Análise de resultados:
  1. Avaliação das variáveis de saída
  2. Tratamento dos dados de saída
  3. Análise dos resultados

PARTE E – Estudos de caso - 08 horas
Cases de edifícios certificados no Brasil e no mundo, as tecnologias envolvidas e os custos associados com a introdução destas tecnologias.

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2) Complementação Para Acreditação no Programa Energy Plus - 24 horas (06 aulas)
Utilização da ferramenta computacional do programa EnergyPlus, ferramenta validada para uso no processo de certificação de edificações. Tem como objetivo propiciar ao aluno um conhecimento avançado da ferramenta de simulação EnergyPlus para avaliação de edificações climatizadas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Praça da Soberania


Nosso centenário arquiteto não para de trabalhar. Veja você que agora ele está trabalhando em mais um marco seu em Brasília: a Praça da Soberania. É essa aí em cima.

O projeto básico não está pronto, mas a parafernália toda deve ser construída até abril de 2010, para as comemorações dos 50 anos da cidade.

Segundo as informações do DFTV (reportagem abaixo) e do G1, a praça vai ficar na Esplanada dos Ministérios, terá um estacionamento subterrâneo pra 3 mil carros e um prédio baixo em curva cujo pilotis abrigará um memorial dos presidentes da República.

O principal elemento da Praça da Soberania, no entanto, será um monumento em forma de triângulo, com 100m de altura - a mesma do mastro da bandeira na Praça dos Três Poderes - e inclinado, apontando para o Congresso Nacional.

Segundo a matéria, não se sabe, ainda, o custo da construção.

Pra variar, nada de grama. Pelo que se vê na perspectiva artística, toda a área da praça será preenchida pelo bom e velho concreto, como gosta o Niemeyer.

Novo Monitor

O site do Le Moniteur, portal francês de notícias e outras utilidades da construção, está de cara nova desde quinta-feira (8/1/09).


Como no Portal UOL, por exemplo, o destaque do primeiro Scroll é uma "Televisão" - aquele espaço em que as fotos (neste caso, com as chamadas para as matérias) ficam se alternando numa espécie de slideshow.

Na segunda coluna, três caixas coloridas de prestação de serviços (Produtos - verde; Empregos - azul; e Processos de concorrência - laranja) podem ser posicionadas de maneira personalizada pelo usuário, bastando clicar-e-arrastar.

Ideia interessante, mas subutilizada no site: ali, só é possível a movimentação vertical, dentro da mesma coluna. Está longe da versatilidade da ferramenta apresentada na Homepage da BBC, por exemplo.

O Portal ainda destaca, mesmo que em uma posição menos nobre da primeira página, chamadas para matérias em vídeo da Le Moniteur TV.

Por fim, o site possibilita ao usuário cadastrado salvar palavras-chave para acompanhar, via e-mail, tópicos de seu interesse, à maneira dos Alertas do Google.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Disputa solar


Depois de um post chato - Copa, PAC, infraestrutura, investimentos, blá blá blá - voltemos aos projetos megalomaníacos, que são mais legais de conhecer.

Há duas semanas, mais ou menos, a Acciona anunciou a entrada em funcionamento da maior central solar fotovoltaica do mundo, em Portugal.

Dias depois do anúncio, a China Technology Development Group Corp, naturalmente uma empresa chinesa, anuncia que vai construir uma central maior ainda.

A primeira etapa é mais humilde: em 2009 será iniciada a construção de um complexo com 30 MW de potência.

A ambição é constatada pelo que eles querem fazer depois. Ao longo dos anos - apesar de ainda não ter sido definido um cronograma - os caras querem ampliá-la para nada menos do que 1 GW. Para facilitar as contas, 1000 MW.

Regra de três simples: se a central de Portugal, de 46MW, abastecerá cerca de 30 mil pessoas, essa supercentral será capaz de abastecer...

X=30.000 x 1.000/46...

...umas 650 mil pessoas?

Nem uma cidade de Campinas. Bah! Esperava mais deles....

Via Inhabitat

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

2014... o Brasil é logo ali!


Quando o homem médio pensa em engenharia na Copa do Mundo, a primeira coisa que vem à sua cabeça são os estádios e seus apetrechos tecnológicos.

Há quem se angustie com a aparente inércia dos clubes, que ainda não começaram a botar tratores, caminhões-betoneira e um monte de pedreiro para construir logo suas modernas arenas.

Mas isso tudo é rapidinho de construir, se os projetos executivos estiverem redondos. Difícil mesmo vai ser construir o resto, ou seja, toda infraestrutura de transportes - aéreo, rodoviário, ferroviário -, hospitais, segurança pública...

É o que afirmou, ao Portal PINIweb, José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, doravante Sinaenco.

Para ele, a acessibilidade ao País é o aspecto mais preocupante. É preciso, por exemplo, dar início urgentemente a projetos de novos aeroportos decentes nas capitais postulantes a cidades-sede da Copa, já que os atuais não aguentariam o monte de gente que deve desembarcar por aqui durante o evento.

Esses empreendimentos têm projetos complexos, demandam licenciamento ambiental - processos que, sabemos, podem levar anos para serem analisados e liberados no Brasil - enfim, não são realizáveis da noite pro dia.

Sobra, portanto, um grande pepino nas mãos pra resolver.

Verdade que há o PAC, o tal Programa de Aceleração do Crescimento, pacotão de investimentos em obras de infraestrutura social e urbana, energética e de logística e transporte - seus três principais pilares.

Mas ele precisa começar a ser executado com mais agilidade. Nos dois primeiros anos do programa, foram atingidos apenas 15% da meta de investimentos públicos e privados previstos até 2010. É pouco provável que, nos dois anos restantes, os 85% que faltam sejam realmente investidos, certo?

Se as coisas continuarem nessa velocidade, aliás, nem em 2014 o PAC estará concluído.

Questionado sobre os atrasos no cronograma do PAC, o Governo Federal sempre apresenta a justificativa de que as obras não "deslanchavam" por falta de licenciamento ambiental, de projetos, de desapropriações, etc. Exatamente a complexidade de que fala o Bernasconi.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Processo aberto

A acusação formal (denúncia) oferecida pelo Ministério Público contra treze pessoas responsabilizadas pelo desabamento nas obras da estação Pinheiros do Metrô de São Paulo transformou-se em processo. A juíza Margot Chrysostomo Correa Begossi aceitou a denúncia elaborada pelo promotor Arnaldo Hossepian Jr. e apresentada è Justiça no último dia 5 de janeiro. No acidente, ocorrido em 12 de janeiro de 2007, sete pessoas morreram soterradas.

Foram responsabilizados criminalmente 11 técnicos, um ex-diretor do Consórcio Via Amarela - engenheiro Fábio Andreani Gandolfo - e um ex-gerente do Metrô de São Paulo. Outras duas pessoas podem vir a ser acusadas após prestarem depoimento.

Os critérios para definir os acusados foram adotados a partir dos laudos levantados por diversas investigações, especialmente as do IC (Instituto de Criminalística). O laudo em questão indica que não houve uma única causa para a tragédia, mas que um conjunto de fatores determinou o acidente. As acusações giram em torno de termos como negligência e imprudência, baseados na omissão por falta de providências para evitar a cratera. Em termos, as acusações são por homicídio culposo (sem intenção).

Os acusados

Funcionários do Consórcio Via Amarela
- Fábio Gandolfo
- José Maria Gomes de Aragão
- Alexandre Cunha Martins
- Takashi Harada
- Murillo Dondici Ruiz
- Alberto Mota
- Osvaldo Souza Sampaio
- Luís Rogério Martinati

Funcionários do Metrô
- Marco Antonio Buoncompagno
- José Roberto Leite Ribeiro
- Cyro Guimarães Mourão Filho
- Jelson Antonio Sayeg de Siqueira
- German Freiberg

Causas do acidente
De acordo com os laudos do IC (Instituto de Criminalística) e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo)

Principais causas: não paralisação das escavações mesmo após constatação da instabilidade no terreno. Falhas de projeto e falta de acompanhamento.
Velocidade de escavação: mesmo com conhecimento da instabilidade, as escavações foram retomadas com maior velocidade
Paralisação da obra: a obra deveria ter sido paralisada para colocação de tirantes para reforço das paredes do túnel
Fiscalização: o Metrô foi omisso ao não exigir a colocação dos referidos tirantes. Houve problemas no aspecto construtivo e no sistema de gerenciamento de risco
Segurança: o plano de emergência para os funcionários foi cumprido, mas o de evacuação do entorno foi ignorado. A inexistência de um procedimento de gestão de riscos impediu a identificação da possibilidade do colapso.

* com informações da Folha Online e da Folha de São Paulo
* foto d'O Globo Online

Ele faz direito

Se quando te perguntam "Quem é Brad Pitt?", o que vem à sua cabeça é algo como "aquele bonitão", "o cara que fez Clube da Luta" ou "o sujeito que conquistou a Angelina Jolie", saiba que sua resposta está incompleta. Além disso, o galã de Hollywood é o principal mentor de um programa de reconstrução de Nova Orleans, destruída pelo furacão Katrina em 2005. (Minha namorada vai adorar esse lado bom samaritano dele!)

A iniciativa começou quando Pitt foi à cidade, após o furacão, gravar ofilme "O Curioso Caso de Benjamin Button". Daí, ocorreu um curioso caso com Brad Pitt. Ficou horrorizado com a destruição que se espalhava pela Lower 9th Ward e perguntou: "estou num filme em que o Bruce Willis salva o mundo?". Quando responderam que não, que aquilo era obra do furacão, ele exclamou: "Oh, God!". E resolveu fazer alguma coisa. Conversou com a comunidade e descobriu que eles estavam bastante preocupados com os efeitos das mudanças climáticas sobre a cidade, com uma quantidade maior de furacões e enchentes.

A primeira atitude do fera foi promover um concurso de arquitetura para desenvolver uma solução adequada e sustentável de reconstrução. Ao reunir-se com líderes da comunidade local e com especialistas, chegou à conclusão de que era necessário fazer a coisa toda direito. Daí a expressão que batiza o programa: "Make it Right".

O objetivo do MIR é atuar como um catalisador do re-desenvolvimento da Lower 9th Ward, promovendo a construção de uma vizinhança segura e saudável. Para tanto, enfatizam a alta qualidade dos projetos, mas com respeito ao espírito da cultura da comunidade.


Do pó vieste...
A escolha dos materiais para as casas do MIR é baseada nos princípios do Cradle to Cradle, um pensamento que surgiu e se popularizou com o arquiteto William McDonough e com o químico Michael Braungart, que lançaram, em 2002, o livro Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things. Em resumo, essa linha de pensamento prega que os materiais e processos devem ser sustentáveis, mas usam outros argumentos para isso. Querem segurança para as pessoas, para os locais em que vivem e para o planeta como um todo. Para tanto, consideram que metabolismos biológicos devem poder ser reabsorvidos pela natureza e que metabolismos tecnológicos deve usar componentes que possam sem desmontados e reutilizados indefinidamente. Enfim, sustentabilidade é a deles.


Já os métodos construtivos seguem, basicamente, três linhas. Vamos a elas.

- Site-built (tradicional) - por utilizar técnicas tradicionais de construção, com moldagem in loco, se beneficia da mão-de-obra local. Enfatiza a construção verde.

- Modular - lança mão de painéis e módulos pré-fabricados remotamente. Traz as vantagens já conhecidas: rapidez executiva e nada de desperdício.

- Painelizada - como diz o nome, usa painéis pré-fabricados com dimensões padronizadas para toda a estrutura e fechamento. Isso reduz custos e tempo de execução


O site da MIR é o http://www.makeitrightnola.org. Abaixo, alguns desenhos das casinhas. São bem ajeitadas, viu! Ô, sêo Pitt, dá uma ajuda lá em casa?




segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Brisa econômica

Crédito: Rob Bennett/NYT

Um monte de miniturbinas eólicas estão aparecendo no topo de edifícios novaiorquinos. Em vez de produzirem energia elétrica para ser vendida para as companhias de abastecimento, os aparelhos estão lá para suprir parte das necessidades energéticas dos imóveis.

O discurso oficial, é claro, apela para o politicamente correto. “Estamos sempre entusiasmados para experimentar novidades no segmento de construção verde”, afirma um incorporador local. Sei, sei...

A iniciativa talvez até possa ser lá benéfica para o meio ambiente, contribuindo para reduzir emissões de CO2 e todos os conceitos que temos ouvido nos últimos anos. Mas, convenhamos, poucos se mobilizariam voluntariamente para se adaptar às novas ecodemandas.

Quase ninguém faria isso se não houvesse retorno financeiro. Você faria? Eu não.

Um edifício de apartamentos residenciais situado no Bronx, no entanto, terá 10 miniturbinas de 1kW cada uma. Elas produzirão eletricidade para suprir os corredores, os elevadores e as áreas comuns do condomínio.

O conjunto de turbinas custará US$ 100 mil, mas a economia estimada na conta de luz gira entre US$ 9 mil e US$ 18 mil dólares por ano. Ou seja, o sistema se pagaria entre cinco anos e meio e 11 anos e meio.

Via NYT